Tecnologia e Saúde Mental

31/01/2022

O artigo traz à tona questões relevantes sobre os nossos hábitos tecnológicos e nossa saúde mental. Um convite a refletirmos sobre os impactos prejudiciais, confrontado às facilidades que a inovação nos permite experimentar. A medida certa da utilização virtual faz com que tenhamos ao nosso dispor benefícios, sem que ela assuma o comando de nossas escolhas. Excesso, pode causar dependência e doenças psicológicas. Equilíbrio é a chave. Saúde mental em primeiro lugar.

São incontáveis ferramentas e avanços na área tecnológica, que inclusive permitiram conexões durante o isolamento - não eliminando integralmente a economia, a troca de informações, a sustentação de negócios, a relação entre as pessoas, como também a própria saúde. O mundo virtual possibilitou, mesmo com todas as limitações e restrições de isolamento, que a vida não congelasse contatos, remodelando compromissos, formando novos hábitos e reinventando as nossas necessidades mais simples, preservando de alguma maneira, laços e atividades.

Em contrapartida, não é à toa que especialistas, mesmo antes deste fenômeno epidêmico, já observavam os reflexos do uso virtual inadequado. A compulsão pelo ambiente digital pode desencadear outras faces, como o sentimento de solidão, apatia, baixa estima e riscos aumentados de depressão. Quando o ambiente on line domina grande parte da rotina e da vida social, esse caminho pode conduzir ao adoecimento silencioso. Os impactos envolvem perdas de sociabilização, desinteresse por outras atividades de rotina e lazer pessoal, estagnação de experiências na vida fora das redes. Sentimento de não pertencimento, perda da alegria de viver.

Os prejuízos são constatados em diferentes graus, em todas as faixas etárias, principalmente nas crianças e adolescente, que ficaram reféns há mais de dois anos das atividades remotas pela necessidade. Desde o acompanhamento de aulas, até conexão com amigos e estímulos de entretenimento digitais.

Cabe parênteses - já que não podemos ignorar que este cenário confronta-se ainda, com o inverso desta realidade, onde existem camadas da população que não usufruem deste acesso por questões econômicas, obstáculo social paralelo que precisamos confrontar. - fecha parênteses.

Trazendo o foco para o tema central deste artigo, o desafio para preservar a saúde mental com uso de tecnologias, é perceber o surgimento de sintomas e sua identidade associada aos hábitos virtuais. Identificar os sentimentos gerados pelo uso das ferramentas digitais e também pela sua ausência - caso seja retirada da rotina. Perceber se há dependência (principalmente das mídias sociais). Ler os sinais do corpo e da mente e buscar ajuda profissional, sem temor, sem preconceito, quando a sensação for depreciativa e afastar o individuo do seu meio.

A Dra. Nazareth Ribeiro, psicoterapeuta com doutorado em Esc Rennes (França) sugeriu em sua live com neurocientista Dr. Kleber Fialho, algumas dicas que podem prevenir o alivio mental desconectando-se do ambiente virtual, como a leitura de um tema leve (livro físico), a realização de uma refeição distante da presença de celulares, o olhar no olho num bate papo pessoal.

Buscar conexão com o presente, com as pessoas próximas e com o ambiente que se encontra, resgata pessoas para desfrutarem o prazer da simplicidade que o momento oferece, com leveza e apreciação.

"Adolescentes introspectivos, crianças silenciosas, e adultos com dificuldades de entendimento" foi uma fala do encontro que traduz a correspondência da relação das pessoas com a tecnologia. A necessidade de aceitação digital, a disponibilidade on time/full time nas plataformas, a criação de uma identidade perfeita de vida, são indícios e riscos para o desenvolvimento de transtornos de personalidade, caso não haja limites na relação do individuo com o meio digital.

A tecnologia é uma providência incrível que incorpora nossa rotina em detalhes, sem que nem mesmo percebamos. Nos cabe permitir que somente as benesses façam parte de nossas vidas. É bacana fazer uma caminhada ouvindo uma música, fazer uma consulta por telemedicina, uma vídeo chamada com aquele ente querido, mesmo que esteja do outro lado do mundo, promover novas conexões em mídias sociais, acessar multi conhecimentos com apenas um clique, pesquisar qualquer assunto no site de busca, escolher o melhor ângulo para uma foto, participar virtualmente de eventos que presencialmente não seriam possíveis.

Mas é uma sensação insubstituível dar atenção ao que te cerca e a quem te cerca, olhar-se no espelho, se reconhecer. A medida ideal será sempre a que traz bem estar, conforto e felicidade, permitindo viver tudo o que podemos e devemos ser. Leve para os 11 meses seguintes esta reflexão, pinte de branco todos os dias do seu ano e abrace a sua vida agora.

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