Setembro Amarelo e Ansiedade Climática

05/09/2024

Medo crônico da devastação ambiental. A crise climática afeta tudo e todos. O adoecimento do planeta é evidente. Os ecossistemas atravessam crises, e coexistimos neste momento, com reações naturais há tanto tempo anunciadas. Terras, mares e ares poluídos, estremecem, inundam e correspondem à devastação, à exploração, às queimadas, ao extrativismo insustentável. A natureza, ainda que resiliente, reverbera reflexos. E precisamos conversar sobre como isso afeta a saúde psicológica. Setembro Amarelo apoia iniciativas de prevenção ao suicídio, que, segundo pesquisas da Fiocruz, teve aumento de 6% nos últimos 10 anos, com risco aumentado entre 10 e 24 anos - mesma faixa de idade indicada como a mais afetada pela Ecoansiedade, acumulando causas para o sofrimento emocional, principalmente da juventude. Como o contexto ambiental pode comprometer a qualidade de saúde mental das pessoas preocupadas com a situação do planeta? Quais riscos? Essa pauta é discutida dentro de universidades nacionais e internacionais, entre especialistas de saúde, e exposta em muitas mídias. Que esta reflexão possa ampliar nosso entendimento, favorecendo o autocuidado e a transformação positiva da saúde de todas as pessoas, reintegrando nossa psique pela longevidade de todas as naturezas.

Todos sentem.

Enchentes, qualidade do ar insalubre e altas ondas de calor. As estações do ano já não preservam sua característica. E reconhecer esse panorama, pode ser muito desafiador, principalmente para crianças e adolescentes, que temem pelo futuro. Além de previsões, os fenômenos extremos e desastres naturais acontecem em nossos dias, hoje.

A Ecoansiedade foi nomeada para traduzir a angústia gerada diante do desequilíbrio ambiental. Os consultórios já recebem pacientes com relato de estresse por esta causa. E precisamos conversar sobre isso.

Ainda que se trate de um tema sensível e complexo, precisamos considerar essas emoções e respeitá-las, desocupando posições de negacionismo, que partem de uma prerrogativa racional, com riscos de desmerecer ou invalidar o sentir do outro.

Muitas crianças e jovens relatam sua preocupação com o futuro. Muitas regiões e pessoas já são afetadas diretamente pelo clima mais seco, pelo frio ou calor extremos e já sentem dificuldades respiratórias. E essas condições ambientais podem também extravasar em sinais de estresse em muitas pessoas que vivenciam ou assistem tudo isso acontecer.

A campanha Setembro Amarelo apoia iniciativas de prevenção ao suicídio, que, segundo pesquisas da Fiocruz, teve aumento de 6% nos últimos 10 anos, com risco aumentado na faixa de 10 e 24 anos, a mesma faixa de idade indicada como a mais afetada pela ansiedade climática, acumulando causas para o sofrimento emocional dos jovens.

A compreensão, a empatia e a escuta ativa, permitem que as pessoas sintam-se acolhidas, o que pode aliviar sensações de impotência e ansiedade. Tratam-se de preocupações legítimas com o futuro. E apropriar-se de uma consciência solidária, estabelece amparo e proteção psicológica, atenuando o estresse climático dentro e fora dos consultórios.

Somos parte desta natureza em destruição. Nossa conexão é intrínseca. Nossa relação é de interdependência e de sobrevivência. Nosso equilíbrio vital depende da qualidade das relações que estabelecemos - uns com os outros e com a natureza. Muitos já compreendem essa magnitude, e por isso, sofrem.

Que possamos, do lugar que ocupamos hoje, resgatar o interesse por essa consciência, acolher as nossas incertezas, com afetividade, desejo de mudança e inspiração para realizar o que for necessário. Na intenção positiva, valorizar a vida com vontade amorosa de restabelecer equilíbrio (tanto o nosso, dos outros, das crianças, da natureza, de todo planeta).

Segundo o biólogo norte-americano Edward O. Wilson, como humanos, temos uma tendência intrínseca: ele nomeou como Biofilia, a nossa necessidade essencial por essa conexão com a natureza. Isso talvez traduza o impacto emocional que muitos já sentem, por conta desta realidade climática.

Os caminhos que apontam para a nossa longevidade, serão de regeneração e cura, à medida que olharmos uns para os outros com compaixão, e todos juntos, para a natureza. Nesta conexão, quando nos reconhecemos entre nós, atenuamos a ansiedade e protegemos a vida.

Nesta compreensão, fortalecemos nossa existência e o fluxo da saúde mental coletiva.

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