Saúde vs "Fear Of Missing Out"
Apreensão de não fazer parte, de não ser visto ou de não estar à par de algo - Essa explicação trata de forma resumida, o que é chamado Síndrome do FOMO ("Fear of Missing Out"), mais uma expressão dentre tantas, que busca traduzir os transtornos de ansiedade da era contemporânea e principalmente, digital. A humanidade hoje, é híbrida, (e não me refiro ao estilo de trabalho). Nosso estilo de viver, acontece à margem dos refluxos de uma vida prática e virtual. Enquanto isso, nossa sociedade experimenta efeitos adversos na saúde emocional, mental e física. Afinal, como "acontecer", fora das Redes? No artigo de hoje, a proposta vai além dos terminologias. Pretende reflexões desse mar contraditório, que ao mesmo tempo otimiza conecta e expande, mas também encarcera, distancia e retroalimenta necessidades e dependência. Como proteger a saúde integral, nesse universo paralelo?
No inicio, povoamos a Terra. Evoluímos. Nos aglomeramos em grupos. Aprimoramos a linguagem e a escrita. Hoje, despovoamos, desmatamos, causando extinção de espécies, inclusive, da nossa. Apartamos o ideal de comunidade, nos isolamos. A linguagem e a escrita (junto ao pensamento critico), caíram em desuso. Terceirizamos tais compromissos à IA.
Somos esses seres da Era Cenozóica. Mamíferos falantes e pensantes. Perpetuamos no Globo e buscamos inovar de forma tão incessante, que projetamos todas expectativas do lado de fora. Perdemos o controle, do próprio eu.
A chamada Sindrome de FOMO - ou "medo de ficar de fora" - se refere a um uso problemático da tecnologia. principalmente, pelo vicio em Redes Sociais. Essa dependência desafia a capacidade de manter autocontrole e estabelecer limites saudáveis.
O comportamento compulsivo gera angústia, sentimento de inadequação e baixa estima, afetando a qualidade de vida, desencadeando quadros de ansiedade e depressão. FOMO, é um termo estabelecido na comunidade de pesquisa. Na plataforma científica PUBMED, localizei mais de 500 artigos publicados nos últimos 15 anos sobre o tema. Há evidências de que o transtorno causa distúrbios no sono, perdas de produtividade e neurodesenvolvimento.
A humanidade atravessa declínio de habilidades essenciais, para manutenção da saúde e longevidade. A expressão Brain Rot (cérebro apodrecido), simboliza bem a direção dessa perspectiva. Retrata o entorpecimento incitado pelos algoritmos, que enclausuram mentes e olhares, em troca de endorfina. Nosso desafio é grande, diário e constante. Consiste escolher respirar sem aparelhos. Literalmente.
Consiste escolher a si mesmo, e a convivência ampliada na natureza. A encher o peito de oxigênio, desse lado de fora. Porque nesse mesmo planeta, ainda há outros mares, outras redes. Há outros meios de conexão. Há vida viva e oportunidade para equilibrar a balança.
A "culpa" não está na tecnologia. Ela, como tudo no universo, tem sua contradição. Tem seu positivo, e seu negativo. Seu dano ou benefício. Nos caberá sempre, a boa medida. O aprendizado. A escolha a partir da consciência. Dia a dia.
O ritmo do planeta acelerou em tal instância, que toda ânsia pelo ser, fazer e pertencer, atropelou nossa própria existência. Sutilmente, intimidou o pensamento crítico.
Aceleramos a vida de tal modo, que esquecemos de ocupar nosso próprio corpo. Afinal "o tempo urge" e o que não falta são mecanismos para facilitar a pressa, e conservar mentes aéreas, nubladas, ansiosas, inquietas.
Nesse paralelo, nossas vidas são representadas por títulos, ou arquivos de memórias, salvos noutras nuvens.
A presença digital nos desafia. É possível praticar a verdadeira presença. Que possamos parar. Respirar. Restabelecer. Respeitar.
Respeitar a voz interna e aprender a convivência entre os dois mundos, transitando com leveza e clareza de sentidos. Que possamos pisar na terra, deitar na Rede, e meditar. Que possamos existir em todos os lugares, com autonomia e essência. .Que possamos construir laços desatando nós. Que possamos confiar e profundamente, existir, em todas redes e teias da vida.
Pela saúde mental. Pela saúde no fluxo de todas as versões da nossa espécie.
Fonte: PUBMED - "Fear Of Missing Out"