Regência na Vida, Perspectivas

08/06/2024

A história coreografada vs a história vivenciada. Na alma acumulamos tudo. Aquilo que a fotografia não revela existir. Na alma, reside a verdadeira intenção acumulada por detrás de fotos construídas, das tristezas escondidas, da felicidade maquiada, das atitudes calculadas. Ou tudo consiste ser a genuína expressão da essência? Quem somos, afinal? Os fragmentos que congelamos num clique, revelam esse lapso calculado ou sustentam toda uma consciência? Nossa expressão é condizente com o que o coração vibra? Até que ponto estamos reféns da matéria? O quanto somos dependentes de aprovação? O quanto julgamos o outro e projetamos em outras vidas nossas expectativas? 

Nossa visão de mundo é aplicada a tudo e a todos, a todo instante.

A partir disso, agimos exclusivamente de acordo com a nossa conveniência? Ou consideramos a forma de vida do outro? O que pulsa? Quais são nossos pensamentos velados? Como agimos no dia a dia? Quais são nossos valores intrínsecos?

Todos no palco. Todos na plateia. Todos no grande baquete.

Quantas vezes, descuidados, manifestamos opiniões indiscriminadamente. Projetamos julgamentos a partir da nossa visão, limítrofe, de perspectivas e crenças carregadas de preconcepções a partir do que cada um de nós experimenta na vida desde então?

Assim sendo, como experimentar condições de justiça?

Na ousadia desta reflexão, não consigo entender haver lei humana capaz de estabelecê-la de forma imparcial. Nossa percepção será sempre um fragmento. Um mesmo episódio pode ser observado de diferentes perspectivas e com distinta percepção da realidade. Uma visão pontual jamais será capaz de julgar quem quer que seja.

E você, sente-se desconfortável ou empoderado na cadeira que ajuíza comportamentos alheios? E como sente-se na cadeira enquanto réu? Porque em determinado instante da vida, ocupamos ou uma ou outra cadeira, inevitavelmente. Todos seremos julgados em determinado grau, em determinada circunstância. 

Pôncio Pilatos ao lavar as mãos talvez tenha se aproximado dessa observação. E constatou o que ainda é visto hoje, nas redes digitais, nos grupos sociais, na vida prática. Inocentes crucificados, todos como avaliadores e avaliados, defensivas. Favorecimento de impunidades. Baixa disponibilidade para autoavaliação, ante ao amplos incentivo a julgamentos alheios.

O resultado - experimentamos coletivamente - uma extensa lista de reações adversas, advindas de comportamentos individuais que se tornam coletivos. É de quem comanda, mas também de todos, numa inusitada controvérsia. E o peso da cruz acontece. 

Hoje a doença do mundo se associa à carência de valores essenciais para construção de um ser. 

A morte pode ser de amor, de compaixão, de fraternidade da saúde mental. Pode ser da dignidade da natureza - nossa e do meio. Do caos climático, e da ampla inconsciência que promove a guerra (ainda nesses tempos, a morte acontece até em nome de Deus). 

Numa era onde as regras básicas de moralidade e as leis para melhor organização da sociedade são ignoradas; Numa era em que a mulher ainda luta pela dignidade e reconhecimento respeitoso da sua voz; Numa era em que todos nos submetemos à escravidão em diferentes niveis pelo direitos de sobrevivência; Numa era onde as pessoas escolhem viver uma vida "encaixotada" para não sofrerem julgamentos coletivos - que dilaceram tantas manifestações de vida.

Eu intenciono para que, a razoável fraternidade, gentileza e compaixão se aproximem de todas as vidas - mais e mais, a cada instante. Que a manipulação, o egoísmo, a vingança, a destruição se distanciem de todas as almas - mais e mais, a cada instante. Que na matéria, manifeste-se aquilo que verdadeiramente contribua com a elevação espiritual de cada ser. 

A reforma no mundo acontecerá quando houver reconstrução dentro do universo interior de cada pessoa. Ainda que nessa Matrix sejamos reféns de tantos sistemas, que no espírito, possamos vigiar incansavelmente, e experimentar o genuíno amor, a verdadeira paz.

Essa minha avaliação não é isenta. É por um prisma, julgamento. Somos verdadeiramente livres? Que nossas ponderações iluminem, edifiquem. O caminho para todas as curas, reside na cooperação entre todos. No amor incondicional. 

Liberdade de ser e existir, respeitando a si mesmo, e todas as outras formas de vida.

Excelente sábado.