O que seduz você?

08/04/2024

Somos todos, reféns de um querer. A todo tempo, buscamos saciar desejos. Buscamos experimentar sensações. Seja na aquisição de qualquer item de consumo, no uso da internet, ao escolher um hobby, visitar um lugar, encontrar determinada pessoa, e COMER. Seja o que for. Seja como for. O segredo é compreender porque e como nosso corpo reage a tais estímulos. Qual nosso grau de consciência a cada escolha? Quando temos informação e uma forte intenção pela saúde, somos capazes de resistir. No artigo de hoje, vamos refletir sobre o maior desejo da humanidade: o açúcar. Parece-nos tão inofensivo, mas, é poderoso e prejudicial, quando consumido em excesso. Como estabelecer equilíbrio entre a nossa saúde e essa tentação?

Onde ele não está?

Açúcar é componente em quase toda alimentação industrializada. De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2019, o açúcar, presente nos alimentos industrializados, responde por 36% do total consumido no Brasil. 

Nosso paladar, culturalmente habituado. A população brasileira é gravemente impactada pelo consumo excessivo de açúcar, causador direto do desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. Você sabia que cada brasileiro consome entre 51 e 55 quilos de açúcar por ano, enquanto a média mundial corresponde a 21 quilos por ano? Dados da Embrapa.

No final do ano passado, entrou em vigor a RDC 429, regra da ANVISA que determinou a mudança de rótulos, para sinalização do alto teor de açúcar, de gorduras trans e gorduras saturadas. 

Em 2018, o Ministério da Saúde assinou um acordo com a Industria, pela redução de 144 mil toneladas de açúcar em cinco categorias: bebidas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e produtos lácteos. Prazo estabelecido: 2022, e tímidos avanços. 

O mercado contra argumenta grandes impactos em sua produção. Salientando perdas significativas na constituição de seus produtos, considerando a função tecnológica do açúcar. 

Segundo a Indústria alimentícia, ocorreriam grandes impactos na qualidade de seus produtos, teriam inúmeras perdas na textura, cor,  sabor,  aroma, volume, conservação de seus produtos.

Cabe ao consumidor, saber:

  • Açúcar causa dependência. O consumo excessivo eleva níveis de dopamina, similar ao que acontece com a cocaína. (Revista Científica Plos One - 2016)
  • Açúcar é associado ao desenvolvimento de diversos tipos de cânceres (Inca - 2020)
  • Açúcar é oito vezes mais viciante que a droga citada e a heroína. (INCA - 2017)
  • O alto consumo de açúcar é associado à maior incidência de depressão, com 23% mais chances de diagnóstico de transtornos mentais (Revista Scientific Reports - 2017)

A construção de nossos hábitos alimentares é determinante para a qualidade da nossa vida.

O Ministério da Saúde, orienta no guia alimentar da população brasileira, o incentivo à alimentação saudável, e dentre as dicas, sugere o consumo mínimo de açúcar, incentiva o consumo in natura e a evitação de produtos industrializados: https://www.youtube.com/watch?v=x5EwVBmVk8o

As crianças devem ser guiadas, orientadas e protegidas, dependem da orientação parental. É na primeira infância que a rotina alimentar, preferências e paladar se consolidam. A exposição precoce ao açúcar, além de favorecer o desenvolvimento da obesidade, inflamação o corpo e facilita o desenvolvimento de diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas. Também prejudica as habilidades cognitivas e o autocontrole, estimulando o desenvolvimento da ansiedade e de outros transtornos mentais, já constatado em diferentes linhas de pesquisa.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere a ingestão de 50 gramas de açúcar por dia, o que corresponde a 10% da alimentação de uma pessoa adulta, considerando uma dieta de 2 mil calorias. Lembre-se que, quase todo alimento que ingerimos, contém açúcar.

Nós podemos decidir, graduar nossa dieta, estabelecendo o melhor consumo. 

A avaliação é pessoal. Vigiar, com lucidez é necessário, para que tenhamos o domínio de nossas decisões. E melhores escolhas. Por nós e por quem depende de nossas decisões.

Conhecimento, e percepção além de propagandas e embalagens, e ouvidos atentos. Que possamos nos desviar da massificação, produtora de pacientes crônicos. Ampliando nossa compreensão sobre a vida e sobre a saúde, desenvolvendo a capacidade e o domínio básico sobre qualquer consumo.

Ainda que a decisão em determinado momento não seja a ideal, estaremos no controle e capacitados a revisar nossos comportamentos. Reconstruindo sempre nossa realidade. 

Continuaremos seduzidos pelos estímulos. Então que estejamos lúcidos e determinados, pela saúde no fluxo.  Sua vida. Suas escolhas.

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