Mulher e a Violência Sob Sigilo

13/08/2024

No artigo de hoje desejo encorajar cada mulher vítima de abuso. Que sente-se refém de ações impetuosas. Que está à mercê de algum contexto. A mulher sente medo. A mulher sente vergonha. Muitas mulheres sofrem. E são violentadas. Caladas. Não encontram a porta correta para livrarem-se de situações de agressão. Sentem-se coniventes ao abuso. Submetem-se. Atenuam. Se culpam. Em nome da preservação, a sua dor, não é revelada. Não cessa. Pela preservação de um emprego. Pela preservação de um casamento. De um relacionamento. Dos filhos, de uma família. E da própria imagem. Nunca é tarde para resgatar a própria vida. Nunca é tarde para restaurar a saúde emocional. A autoestima. A segurança física e psicológica. Hoje, eu te entrego a chave da coragem. Do autoamor. E o meu apoio. Busque ajuda. Resgate-se. Sua vida vale muito. 

O agosto é Lilás, mas o sofrimento é cinza, e pode ser intangível. A violência é social. Coletiva. É naturalizada e ocupa todos os espaços comuns. A percebemos no trânsito, nas mídias, nas músicas, nos brinquedos, nas guerras santas, no sistema judiciário e político, nas empresas, nas relações e nas famílias.

Em algum grau, ela faz parte das vidas. É cultural e prevalente.

Ou existem vítimas, ou agressores, ou espectadores, ou consumidores. E nesse ciclo, toda sociedade retroalimenta esse protótipo, seja através dos julgamentos ou da falta deles, em posturas de omissão ou conivência. A agressão pode ser direta, ou indireta, física, ou sutil.

Pode ser incompreensível para quem desconhece o enredo, e as verdadeiras faces e motivações de um agressor. Pode se tratar de um abuso invisível, mas que da mesma maneira, causa abalos emocionais. E danos, a muitas histórias de vida. E a mulher, lidera as pesquisas, quando o tema é assédio e violência de gênero. Em 2023:

  • 3 a cada 10 mulheres sofreram violência doméstica no Brasil (Fonte: Senado Federal)
  • 12 mil processos de violência psicológica contra a mulher (Fonte: CNJ)
  • A cada 24 horas, 8 mulheres foram vítimas de violência (Fonte: Agência Brasil)

Estas mulheres, denunciaram.

Mas, segundo o Observatório da Violência contra a Mulher (Senado), 60% das vítimas de agressão, não registram as agressões. Dentre os motivos, além do medo, há descrença na efetividade de leis.

Neste ano (2024), o Brasil já bateu recorde de feminicídio: foram registrados até junho, 750 atos consumados e 1693 casos entre mortes e tentados. (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública). A vítima muitas vezes acredita na reforma íntima do agressor, ou teme suas retaliações ao cessar os ciclos de abuso - que acontecem em TODAS as classes sociais.

A decisão pela denúncia, pode esbarrar na dependência emocional ou patrimonial, e suceder na desconstrução familiar, no comprometimento da autoimagem, no julgamento e preconceito social, nos riscos diversos.

Ainda experimentamos um patriarcado judicial e o machismo estrutural. Mas, temos nesta contrapartida, cada vez mais iniciativas que buscam romper esses modelos inadmissíveis, que desfavorecem mulheres e a igualdade de gênero. Muitas iniciativas sociais estão se fortalecendo e empoderando mulheres a se encorajarem, conquistarem a paz, a segurança, a saúde mental, e a proteção física. Conheça algumas iniciativas:

  • Instituto Nós por Elas
  • Campanha Equilibri - Atendimento Psicologico Gratuito
  • Instituto Maria da Penha

Busque apoio. Muitas mulheres sentem culpa e temem que o pior aconteça. Mas, afastar-se do agressor e denunciar, é a medida mais segura.

Segundo o Instituto Maria da Penha, o ciclo é composto de 3 fases principais: momento da tensão, o ato da violência, e posterior arrependimento e carinho do agressor. Muitos homens que violentam mulheres, são excessivamente amorosos em público, para reduzirem suspeitas e nublar possíveis depoimentos, que contradigam a construção da identidade socialmente ostentada. Tudo começa pela ameaça. É comum haver abuso de álcool e ciúmes em excesso no perfil do agressor.

É necessário cessar a normalização de qualquer versão de violência.

Jamais desencoraje uma mulher a se libertar deste ciclo. Que tenhamos empatia e compaixão, para tecer uma rede comunitária segura, capaz de salvar vidas.

Mulher, busque ajuda. Hoje, ainda que haja desafios, avançamos. As gerações anteriores sequer revelavam tais abusos. É possível, existem redes sociais seguras.

Eu desejo coragem, força. Superação. Não desista.

Acredite no poder do auto amor e no valor de escrever uma nova etapa da sua historia, com paz, segurança, saúde e liberdade.

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