Muito além do peso
Segunda feira sempre é um novo começo. Como todos os dias. Parece mais simples entregar um tablet para manter a criança obediente. Imediatamente, talvez. Mas a assiduidade desta escolha pode ocultar o estímulo a um vício que a fará preferir o celular à bola, um game à brincadeira de roda. E quanto aos doces? Premiação, compensação, o inocente sabor açucarado que esconde o desenvolvimento de uma futura dependência - do sabor à fuga da ansiedade. Na última sexta feira, foi dia de falar sobre a conscientização da obesidade infantil, fase crucial da nossa vida para construir referências e preferências. A OMS estima que em 2025 haja no mundo mais de 75 milhões de crianças com até cinco anos, com sobrepeso. Estancar essa estatística não está nas mãos da infância. Cabe a nós correr (e de mãos dadas com elas) para evitar esse prejuízo. A segunda-feira é famosa para iniciar dietas. - que essa de fato se consuma hoje.
É na infância que gostos, preferências, hábitos e crenças começam a ser construídos. É nesta etapa da vida que se estabelece a conexão com a verdadeira saúde, através de descobertas alimentares, das práticas físicas e do bem estar. A criança naturalmente se contagia com iniciativas simples, e tem facilidade de experimentar sensações de alegria. Sua personalidade e suas referências estão em processo de construção, sua aprendizagem neste período elege escolhas que determinam a qualidade de vida do futuro.
Premiar frequentemente uma criança oferecendo doces, estabelecer como regra de passeios idas à um fast food, escassez de água mineral e excessos de refrigerantes, não estabelecimento de horários para refeições, demasiada atividade digital (games e celulares), além do contato com incentivos negativos das mídias (estímulo à ingestão de alimentos multiprocessados). Todo alimento ultra processado é o principal vilão da boa saúde infantil, já que contém grande quantidade de gorduras, açúcares e sal, não sendo recomendados para crianças.
A citação destas situações corriqueiras, são exemplos de casos que desestruturam a eleição de boas escolhas por parte das crianças. Todas essas circunstâncias, por vezes inconsciente, corroboram para o perfil de costumes depreciativos no que consiste o melhor caminho para a saúde. Prevenir a obesidade infantil, implica na mudança de hábitos alimentares e físicos, e principalmente, na mudança de paradigma de todos os que estão no ambiente em que esta criança está inserida. É indispensável que o compromisso com as opções saudáveis sejam estimuladas e promovidas pelos pais e responsáveis que a cercam.
Duas em cada dez crianças, apresentam excesso de peso no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, que reforça a recomendação do aleitamento materno exclusivo até os seis meses do bebê, para prevenção do sobrepeso na infância, além da não oferta de açúcar até dois anos de idade. A realização do acompanhamento da gestação no pré natal também é determinante.
Como riscos já na primeira idade, a obesidade, diabetes, infiltração de gordura no fígado, colesterol alto, apneia de sono, desvios de postura, dores nas articulações, e diversas patologias desencadeadas, são consequências evitáveis, que abalam o bem estar infantil. Outros transtornos como a dependência de medicamentos, e o desenvolvimento de questões psicológicas pela auto aceitação e rejeição, podem ocorrer.
A obesidade na infância não é uma preocupação estética, e sim uma questão de saúde pública. Poupar nossas crianças de traumas, baixa estima e limitada saúde, são compromissos inerentes à toda sociedade. É um cuidado com a humanidade, pela vida toda.
Promova esta educação em saúde para as crianças. Previna-as de doenças e de escolhas com descaso. As crianças são vítimas. As crianças são reféns. Liberte-as.
Fontes: OMS / Ministério da Saúde