Homem e Ansiedade

14/11/2023

Hoje, convido para um divã coletivo. Onde poderemos refletir sobre a ansiedade, sem conceito de gênero. O homem, chora. Mas será que ele possui espaço social genuíno para assumir suas angústias?
Para acionar uma válvula de escape adequada, que o permita retomar o equilíbrio? Ele pode assumir a busca do autocuidado, sem que haja preconceito, medo, ou julgamentos? O homem também possui o direito. Direito de assumir as suas dores, seus dissabores. Num mundo opressor, onde a nova pandemia é o colapso coletivo da saúde mental, o divã não pode ser uma exclusividade de mulheres. O primeiro passo é aceitar. Assumir. Reconhecer. Buscar apoio. E cura. Não há maior ato de coragem do que cuidar das próprias emoções, da própria mente e da própria saúde. A potência mora na vida. Do homem, e de cada um de nós. Leia o artigo de hoje, e vamos juntos desmistificar o autoconhecimento. O céu pode ser AZUL para todos. NOVEMBRO, e sempre.

Atualmente, os homens se cuidam mais. Mas, todos os homens se cuidam?

A proporção de mulheres que buscaram um médico ainda é maior que a de homens (82,3% vs 69,4%), segundo dados do Programa Nacional de Saúde. 

E quando falamos de saúde mental?

Indicadores recentes da Sociedade Americana de Psiquiatria apontam que os transtornos de ansiedade e depressão são duas vezes maiores em mulheres por conta da vulnerabilidade social e de gênero. 

Mas será que os homens estão totalmente isentos desses riscos? Ou apenas não pensam ou falam menos a respeito?

Os homens podem tudo. Podem, mais.

E nesse contexto, sintam-se bem-vindos! São inúmeras as opções para maximizar a ansiedade. Em nosso mundo contemporâneo, pautado pelos excessos, produzimos mais, consumimos mais. Cada vez mais performance, e nada parece suficiente. 

Nunca parecemos suficientes. 

A sociedade em que estamos imersos, não facilita para que tenhamos plenitude emocional. Somos estimulados demasiadamente. Homens, e mulheres.

São tempestade de informações, de opções. Nas gôndolas do supermercado e aplicativos. Comida, roupa, facilidades. Muitos seguidores, curtidas e pessoas em prateleiras desejando serem escolhidas, amizades passageiras e relacionamentos rasos. 

Nossa estrutura de vida é pautada em excessos, quanto mais, melhor. Estímulos incessantes para que tudo disponível seja experimentado. Uma diversidade de alternativas que mais desnorteia do que nos aproxima. 

Muitas formas para ocupar o tempo, muitas portas para fuga de si mesmo.

Apesar da depressão ser mais diagnosticada nas mulheres, a configuração da vida moderna também traz evidências dos abalos de saúde emocional nos homens. 

Como eles se sentem frente os indicadores no país mais ansioso do mundo? 

Eles aprenderam culturalmente a não expressar as próprias emoções, a vincular masculinidade à força, normalizar reações intempestivas e por fim, estabelecer que a melhora do humor é encontrada nos vícios.

O homem só está "estressado".

E esse distanciamento, inconsciente ou não, do autocuidado e da aceitação de um quadro de ansiedade, além de agravar a saúde, gera um sofrimento oculto para eles, e aparente para elas.

Eles aprenderam através das gerações anteriores, que não haveria esse espaço para sentirem. Afinal o protocolo precisa ser seguido. Nada que possa colocar em xeque sua invencibilidade pode vir à tona.

Uma condição fantasiosa, que o distancia muitas vezes do tratamento adequado, da própria família, mas principalmente, de si mesmo e da cura. Nesta configuração, o homem teme retaliações sociais, se assumir fragilidades. Ceder ao autocuidado ainda não é uma unanimidade nas consciências masculinas. 

Não é à toa essa fama social construída até aqui, de que o homem, não se cuida.
Mas já refletimos mais profundamente sobre o por quê a esse respeito?

Já avançamos muito. Mas ainda ecoa uma distorção preconceituosa sobre o autocuidado. Da cadeira do terapeuta à aceitação de apoio, seja ele qual for. Buscar tratamento psicológico ainda significa mostrar a necessidade de receber ajuda ou se assim o fizer, ensinar a declaração de incapacidade para liderar os sentimentos em alguma fase da vida.

E ignorar essa necessidade pode inclusive afetar as mulheres. As mães, as esposas - atuais ou não, as filhas, as colaboradoras, amigas e todas que atravessem esse caminho, e se tornem vitimas da ansiedade do outro. Por fim, ainda que sentem nas cadeiras da terapia,  não incapazes de curar a origem.

Mas isso, nem todos os homens, nem todas as pessoas desejam assumir. Desejam evitar o preconceito dentro das empresas, entre os amigos, e até dentro da própria família. 

Lamentavelmente, buscar um psicólogo ainda é inconcebível para algumas pessoas. Informações rasas e entendimento restrito, distanciam a busca pelo autoconhecimento e pela plenitude emocional.

Isso pode direcionar sempre para uma superação de limites, muitas vezes de maneira não saudável. Porque será necessário mascarar sintomas de um vazio silencioso. Uma jornada de corda bamba, que faz muitas vítimas e reféns. 

Pela aprovação do outro, a aceitação do outro, e a imagem que o homem "precisa" sustentar, nem sempre de si mesmo.

Buscar o silêncio, a introspecção e o autoconhecimento é o maior ato de coragem que podemos fazer. Liderar a vida pela saúde, com hábitos que lhe tragam equilíbrio e identidade.

Que os homens possam sentir com autonomia. Chorar e sorrir. Se reconhecer, e se permitir. Pela cura e pela paz interior. Pela felicidade. Ter a liberdade de existir além da configuração ultrapassada que um dia lhe contaram.

Homens podem ser humanos e acessar a melhor vida, com leveza, beleza e longevidade.
Por um céu mais AZUl para os homens, para todos. Em NOVEMBRO, e sempre.

Eu sou Bia Novaes e minha missão e comunicar a saúde no fluxo.

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