Fora da Memória - Set Lilás

18/09/2023

É um privilégio escolher. Escolher o que desejamos lembrar, ou esquecer. Onde decidimos estar e com quem pretendemos compartilhar. A perda da memória é um dos sinais do Alzheimer, demência gradativa, que incapacita. Lentamente, muitas perdas se manifestam.Nos primeiros sinais, falha a memória.Não há como se debruçar neste tema, sem lembrar do meu pai, e da nossa vivência com o Alzheimer. Foram mais de dez anos. Atravessamos todos os estágios. No fim, o paciente, já na ausência de si, numa integral dependência, não é mais capaz.De controlar funções básicas como evacuar e deglutir. A família sofre junto. Mas não somente pelo esquecimento ou desafios do amparo.Mas por assistir a cada dia, uma evolução que não pode mais ser interrompida.
Uma despedida, ainda em vida, muito lúcida para quem decide segurar as mãos até o último adormecer. Meu pai não se favoreceu das tentativas, de se prevenir bem antes disso, de uma forma consciente.Nessa época, informações limitadas e diagnóstico tardio.Hoje, escolho a prevenção. Sua despedida foi um impulso. Tudo pode ser diferente. É possível 30 anos antes do diagnóstico, já prevenir 12 fatores de risco. Por isso escolha viver diferente. Colocando desde já sua saudenofluxo
Confira o artigo. Chega de Alzheimer. 

Você pode prevenir o Alzheimer até 30 anos antes do diagnóstico.

No último ano antes de sua ida, nem investindo esforço, meu pai se lembrava de mim. Não se lembrava mais dele mesmo. Não era possível conversarmos, nem como desconhecidos, seus pensamentos eram embaralhados e o pouco que interagia conosco, não era capaz de sustentar qualquer diálogo. 

Meu pai estava muito fraco. Assisti aquele homem proativo, diluir. Apesar da idade avançada, ele sempre trabalhou e foi o chefe da família enquanto lúcido. No fim, ele tinha menos de 40 kg, andava com dificuldades, estava aqui sem de fato existir. A cada visita meu coração doía. Quando eu entrava de volta no carro, machucava o sentimento e o questionamento. Será que foi a última vez que o vi? Eu sentia sua falta e uma saudade apertada, mesmo que ele estivesse vivo.

Eu fazia de tudo para transmitir meu carinho para ele. Abraçava e estava perto, mesmo que ele não entendesse bem. Acredito que o AMOR é a língua universal que nos conectava e que era a forma dele me entender, mesmo que não lembrasse que eu fosse sua filha. Nossa última vez foi no meu aniversário de 38 anos, quando eu o visitei. Foto desta publicação. Ele sorriu até o último momento que nos encontramos. Como sorriu ao me pegar no colo com 2 meses, e dessa vez, sou eu que não sou capaz de recordar.

Mas se eu pudesse escolher, escolheria lembrar.
Se ele pudesse escolher, escolheria não ter tido suas memórias apagadas, seu estado de saúde acometido. Se nós dois pudéssemos escolher, ele não teria conhecido o Alzheimer.

Os estágios anteriores foram muito difíceis. Seu comportamento era muito arredio. Foi muito desafiador a convivência com a sua confusão mental, com a sua agressividade, meu pai não lembrava das próprias refeições, e desejava se alimentar a cada instante. E mesmo que ele comesse em maior quantidade, não ganhava peso. Não dormia a noite. Sentia dores em todo corpo pelas outras patologias. 

Minha mãe, que sempre cuidou dele, estava com a saúde emocional muito abalada. Exaurida. Sentia-se culpada. Essa patologia desafia muito quem está na linha de frente do cuidado. 

Meu pai iniciou os sinais do Alzheimer, com 80 anos. Faleceu antes de completar 92. No início, o esquecimento "era por conta da idade". Falta de informação e diagnóstico fizeram com que os primeiros estágios da doença fossem confusos.

Meu pai poderia ter vivenciado uma longevidade mais saudável.Sei de casos que o Alzheimer se revela com 55 anos. Mais cedo em contato com essa doença. Menos tempo para uma vida mais presente.

O Alzheimer, é uma doença neuro-degenerativa progressiva, que não tem cura. A morte de células cerebrais, acomete o paciente, apagando gradativamente suas habilidades, suas expressões, sua memória, sua lucidez. 

A OMS estima que até 2050, serão mais de 6 milhões de brasileiros com Alzheimer. E se podemos prevenir até 30 anos antes. O que podemos fazer agora? Você sabia que aproximadamente 40% dos casos podem ser evitados, através da prevenção? Conheça os 12 fatores de risco contribuintes para o desenvolvimento do Alzheimer mas que podem ser prevenidos:

  1. Hipertensão Arterial
  2. Baixa Escolaridade
  3. Deficiência auditiva
  4. Obesidade
  5. Diabetes
  6. Sedentarismo
  7. Tabagismo
  8. Consumo excessivo de álcool
  9. Depressão
  10. Isolamento
  11. Poluição do ar
  12. Traumatismo craniano

O Instituto Rascovski, fundado pela Dra Alessandra Rascovski, médica idealizadora do projeto Cérebro em Ação, apoia todas as iniciativas preventivas relacionadas ao desenvolvimento da demência e realizará, no próximo sábado (23), evento no Parque do Ibirapuera de 09h às 16h, em favor da causa, pelo Dia Internacional do Alzheimer. 

Visite o Parque, conheça a Roda do Cérebro, e participe das atividades que podem favorecer a sua qualidade de vida e prevenir a sua saúde. Sou voluntária neste projeto, e aguardo você para essa jornada, que fará você descobrir o que é possível fazer para construir seu envelhecimento com bem estar. Nossa responsabilidade está no hoje. O momento é agora.

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