Extremos do Universo Interior

28/03/2022

Infinitos pessoais da sanidade. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o transtorno afetivo bipolar acomete aproximadamente 140 milhões de pessoas em todo mundo, sendo considerada uma das principais causas de incapacidade. A patologia ainda é encarada com estigma, mas a educação em saúde é capaz de trazer luz à pauta, desmistificando a existência de de preconceito. É uma responsabilidade social que nos envolve. Nunca estivemos tão vulneráveis aos abalos da saúde mental. Somente a conscientização e a prevenção trará nosso resgate.  

No calendário desta semana, quarta-feira é o dia mundial do transtorno afetivo bipolar. Este quadro mental é caracterizado pelas oscilações bruscas de humor e comportamento, atitudes impulsivas, pensamento de morte, e comum irritabilidade. Segundo especialistas, não se trata de um diagnóstico simples de ser mapeado, já que os sintomas podem ser ignorados pelo paciente, que não admite a possibilidade de auxílio médico e busca ajuda de forma tardia. Como se trata de um quadro variante, inicialmente pode aparentar exclusivamente ou depressão, ou ansiedade, podendo levar anos para obtenção conclusiva do quadro. Existem três níveis de variação do espectro bipolar, que envolvem depressão e aceleração recorrentes, e em casos graves, há recomendação de hospitalização.

A ansiedade e a depressão são cada vez mais frequentes em nossos círculos de convivência: episódios entre amigos, família e trabalho não são mais tão incomuns. Com a desaceleração da pandemia, são reveladas fragilidades da psique que permaneceu sob a pressão de incertezas, medos, perdas e outras tantas situações adversas. De alguma maneira, todos nós experimentamos, principalmente nos últimos dois anos, alguma experiência, seja em maior ou menor grau, que abalaram a saúde da mente. Sensações emocionais que desafiaram nosso equilíbrio. Emoções desmedidas que se confundem e se perdem, dilacerando universos internos, reconfigurando comportamentos, trazendo prejuízos às relações sociais.

No caso do transtorno bipolar, pesquisas não determinam uma causa precisa para manifestação desta enfermidade. Então qual é o ponto de partida para atenuar tantas oscilações emocionais?

Somente com orientação especializada é possível mapear o tratamento mais adequado, e o monitoramento recomendado para reduzir a ocorrência e intensidade de crises, auxiliando na manutenção de uma vida mais saudável. Mas, infelizmente, buscar um profissional de saúde mental ainda sofre interferências discriminatórias, principalmente por parte de alguns pacientes.

Seja qual for o quadro emocional, reconhecer a necessidade de auxílio médico sem tabus, medos e culpas, é o maior passo para desencadear uma nova percepção da vida. Todas as iniciativas de bem estar que envolvam a melhoria da qualidade diária, auxiliarão neste trajeto de cura, mas, somente um profissional poderá conduzir um tratamento com a devida responsabilidade.

O amparo familiar e social é indispensável para a melhora do paciente. A empatia dos entes mais próximos ajudam a amenizar episódios de instabilidade e maior sensibilidade. Mas, por vezes, o envolvimento emocional inerente da própria relação pessoal, pode acobertar a existência de uma doença e mascarar a relevância do quadro, e por isso, é preciso sabedoria, diálogo e apoio para que o paciente não adote uma postura de negação, e inevitável prorrogação à busca de auxílio médico.

Os dados da OMS sobre o impacto dos transtornos mentais no mundo, ressoam a necessidade de paralisarmos por alguns segundos: precisamos olhar para dentro de nós, olhar para os lados, perceber e buscar uma reconstrução em favor da saúde da nossa mente, da nossa vida, da nossa espécie. Não há como ignorar o fato de que essas doenças são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas.

Precisamos resetar a maneira como sentimos, é necessário restabelecer a vida com a melhor qualidade possível, com leveza e satisfação. Essa é uma iniciativa individual e social, principalmente guiada pela empatia, pela valorização da saúde e da vida. É pelo amor e pelo cuidado que nascem o equilíbrio e o resgate da força, na melhor versão de todos nós.

Fontes: OMS / Fiocruz / Ministério da Saúde

www.saudenofluxo.com.br