Agosto Lilas - Jamais banalize
Não banalize a violência. Este mês, a campanha Agosto Lilás, alerta para a conscientização em combate à violência contra a mulher. Qualquer repressão ou agressão, por ação ou reação impetuosa, que gere dores físicas, emocionais, psicologicas, ou morais, são denominadas violência.
Quando a vítima desta atitude de cólera é uma MULHER, por muitas vezes a situação é atenuada, desmerecida, desqualificada. Por muitas vezes, a mulher tem receio de se manifestar, de se posicionar, de se libertar, de denunciar. E se submete a situações de vulnerabilidade, em diferentes dinâmicas sociais.A grave violação do universo do outro, infelizmente ocorre dentro de contextos públicos e privados. Em empresas, dentro de lares, na política, nas ruas, em comunidades, em qualquer lugar onde haja carência de respeito à interseção do outro. Onde inexiste humanidade, amorosidade, e equilíbrio. A mulher em suas dinâmicas culturais, ainda é inevitavelmente exposta à situações de violência, normalizada no subconsciente coletivo. Jamais banalize. Todxs merecem respeito, inclusive, uma MULHER. A extinção da violência, em qualquer contexto, é parte inerente da boa saúde de qualquer indivíduo. E é em favor da qualidade de vida e da proteção da mulher, que o artigo de hoje se expõe à reflexão.
Como seus ancestrais encaravam a posição da MULHER?
Nossos valores pessoais podem desencadear preconceitos e conceitos deturpados sobre moralidade, e sobre a mulher. Nosso histórico familiar, e a educação que guiaram a nossa formação na vida, também.
São incontáveis histórias de repetição de padrões familiares, geração a geração. Aspectos comportamentais, a interpretação sobre fatos, referências de ideias e ideais, que muitas vezes norteiam a ação, a forma de pensar, sobre si e sobre o mundo. Inevitavelmente, nosso padrão de funcionamento como seres sociais, é guiado por essas referências.
E se esconde uma revelação disruptiva nessa questão de valores e crenças, quando encaramos o arquétipo MULHER.
Ao atravessarmos todas as gerações que antecederam as nossas, percebemos o quanto ainda estamos em posição desfavorável, mesmo com tantos avanços.
Como já sabemos, a MULHER, através de séculos foi subjugada e submissa. Na teoria dos enquadramentos sociais, precisamos casar, ter filhos, trabalhar, cuidar da casa, servir o marido, manter-se jovem, bonita, atraente e com saúde mental e física suficientes, para cuidar de si mesma e de todos que nos cercam.
E a imposição para o cumprimento de todas estas personagens, por si só, já configura uma violência social.
Esta obrigação é velada, e a MULHER é sempre questionada socialmente caso decida não cumprir esses modelos condicionados. Muitas vezes, para atender e se manter nestas posições, se sujeita àqueles padrões geracionais que falamos no início - e esses são os que as aprisionam em realidades infelizes, e em muitas das vezes, em cenários de violência.
Porque as pessoas carregam características de sua ancestralidade. Em tudo.
E se não ousamos quebrar padrões, ou linhas de pensamento, a tendência é que haja repetições de aspectos - positivos, ou negativos. De amorosidade, ou de violência. Não é uma regra, mas há uma forte influência do histórico familiar, no atual resultado da nossa vida.
E com esse prisma, ouso nao me limitar à lei Maria da Penha, às agressões físicas e aos altos índices de violência contra a mulher, que são absurdos, infames e um retrocesso.
MULHERES são violentadas a todo momento, todos os dias, dentro de empresas, quando são subjugadas, quando sofrem assédio moral. Mulheres são violentadas quando são vitimas de assédio sexual, em contextos publicos e privados. Nos tribunais, quando uma linha patriarcal e machista ainda prevalece. E sofrem muito, quando atravessam situações de violência emocional e psicológica em diferentes dinamicas relacionais - logo essas que deixam grandes sequelas, sem rastros aparentes.
No fundo, tudo isso é resultado de um senso comum e ainda, daquelas ideiais da ancestralidade, deteriorando o bem-estar da MULHER e seu verdadeiro valor.
Todos têm direito à qualidade de viver, à uma vida de direitos e respeito. Mas para a MULHER conceber seu sentido de existência, sem que atravesse situações de submissão, julgamento, opressão e obrigatória pré-aprovação, a caminhada é otimista, mas ainda longa. E dependendo de suas condições de renda, do seu meio social e cultural, os desfechos favoráveis se dificultam ainda mais.
No mês passado, a Band divulgou uma notícia sobre um grupo extremista no Afeganistão, que restringiu o acesso das mulheres talibãs à educação, emprego e de se movimentarem livremente. Essa ocorrência abusiva, apesar de chocante, ocorre no mundo, com diferentes formatos e extremos.
O enfrentamento a qualquer atitude que coloque a MULHER em posição de inferioridade, desvantagem, vulnerabilidade e violência, deve cessar imediatamente.
A MULHER deve ser protegida não somente pela lei, mas pela força de carater que deve desabrochar em cada um de nós. Ainda que individualmente, podemos providenciar atitudes que a reconheçam, que a protejam e valorize, começando pelo seu reconhecimento como ser social de igualdade, independente de gênero.
Encoraje e acolha cada MULHER que encontrar. Jamais banalize suas angústias. Lhe dar voz e vez, são degraus para libertação de qualquer violência. Nunca será tarde demais para resgatar a própria vida.
@saudenofluxo