CRIANÇA? NA INFÂNCIA!

27/05/2024

Brincadeira, é linguagem. Canal de educação. Por ela, transmissão de valores, conceitos e emoções. É ferramenta poderosa para integração e ensinamentos. Fixadora de traços na vivência. Ajuda configurar uma sociedade e uma cultura, mas principalmente, ensina sobre relações, amor, cuidado e saúde. Sobre como se comportar diante da vida. A brincadeira é a maneira mais eficaz de conversar com a criança. Assim, ela é capaz de conectar-se ao mundo exterior, com sutileza e amorosidade. Na falta desse brincar, desequilibra-se relações, emoções e o bem-estar geral. De acordo com publicação de 2017 da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 3% das crianças com idades entre 6 e 12 anos, sofrem de depressão ou ansiedade. Um estudo publicado este ano na Revista Médica Jama, uma em cada dez crianças, vive com pelo menos um transtorno mental. Hoje, é dia mundial da brincadeira, e essa crônica sugere nosso meditar. O "tempo urge" e, nessa ilusória sensação de regência das horas, nosso desafio é resgatar valores simples da vida. A qualidade da existência, está no feito de alinhar o experimento, o direito e o dever. O melhor crescer se esconde no brincar com a criança, pelo amar e aprender. Isso sim é saúde integrativa, fisiológica, emocional, e mental.

Toda criança merece.

Cada uma é tela em branco, inocente, receptiva e curiosa, e conta conosco nessa jornada incrível, que inicialmente, é ainda mais instigante. Nesta fase, tudo é gracioso e benevolente. Elas precisam e dependem, integralmente, de nós.

Atualmente, as habilidades digitais parecem integrar parte da configuração no seu DNA. As crianças de hoje mostram alta capacidade de fluidez com mecanismos tecnológicos. Mas ainda assim, o que anseiam mesmo, é matar sua sede de amor, de olhos nos olhos, do pé na terra, na natureza. A criança deseja atenção. Deseja viver sua infância conectada com o que é vivo.

E como estamos semeando nossas sementes de gente? Estamos desempenhando com excelência essa função? Como serão esses frutos?

A criança "moderna", foi distanciada de suas necessidades básicas. Ao disponibilizarmos recursos digitais em excesso, as desviamos da sua essência natural, do seu adequado desenvolvimento motor, audiovisual e mental. A furtamos de vivências na natureza, e da oportunidade de brincadeiras lúdicas, desrespeitando sua inocência intrínseca.

Hoje, doenças mentais acometem em grande escala nossas crianças, a pauta é evidência em grandes órgãos, e preocupação em muitos lares. Diagnósticos de ansiedade e depressão comprometem o bem-estar de muitas delas.

Dentre as causas, a hiperconexão (uso demasiado de mídias digitais), e ecoansiedade (preocupação extrema com a destruição ambiental).

Aceleramos sua noção de "realidade" antecipando acesso e conteúdos não ajustados à fase etária, gerando estresse tóxico, descompasso e desequilíbrio na ordem do seu desenvolvimento.

Também distanciamos sua convivência com a floresta e com os seres. Ampliamos estímulos artificiais, optamos pelas alternativas práticas sobre alimentação e recreação, injetando múltipla distração, afugentando sua aurora.

Mas podemos pausar essa ciranda artificial. Sempre há chances de resgate:

Brincando à moda antiga, segurando pela mão, fitando cantigas de roda, estimulando vivências verdes. Cedendo tempo de qualidade. Presença real. Experiências compartilhadas. Ambientes atenciosos, conversas graciosas, olhares interessados. Zelo. Amor. Carinho.

Na infância plantamos elementos profundos para a construção da identidade. Memórias marcantes, vivências e conexões. Já tentou recordar como sentiu, interagiu e percebeu tudo e todos nessa etapa pueril? O que ressoa da sua infância no seu hoje, dentro de você?

É isso que precisamos restaurar. Tanto nelas, como em nós.

Inegavelmente, a maneira como lemos o entorno nesta fase da vida, molda nossos aspectos e impressões sobre o mundo, sobre como definimos nossas perspectivas do eu em comunidade. Mesmo que a fase adulta nos gradue, em essência, carregamos faces dessa etapa em nossa evolução.

Infância é parte relevante de nossa expressão de vida. É começo de caminhar.

Nossas crianças precisam dessa infância pura. Que aproveitemos esse privilegio de regar esse solo fértil, para fortalecer esse viver hoje. Nossa era avança rapidamente para elevação das taxas de extinção de espécies - incluindo a nossa.

Segundo a Agencia Brasil publicou em abril deste ano, em 2100, estaremos abaixo da linha de fertilidade para reposição sustentável da nossa população.

Já não geramos mais tantas crianças como antes, que possamos então, atribuir a melhor faceta do nosso tempo, para as que hoje, florescem entre nós.

Brincar, proteger, celebra-las. Doando nosso melhor à elas, o mundo será melhor também.

Contato para palestras: https://wa.me/5521981736660

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