Ainda não é sobre Marte

16/05/2024

Uma existência sustentável, é construída a partir de conceitos morais, intelectuais, ambientais, espirituais, sociais, emocionais e financeiros. Uma vida com dignidade, acessa com êxito, todos esses níveis. Assim, uma sociedade se capacita. Assim, indivíduos se consolidam. Somente assim. Quando estamos atentos e podemos de forma lúcida, independente e autônoma, elaborar perguntas e respostas conscientes. Tanto sobre o pano de fundo que configura a nossa própria vida, como também, sobre o que acontece ao nosso redor. De que forma posso melhorar a qualidade do meu mundo? De que forma posso contribuir para favorecer o mundo de quem me cerca? Quem entendeu essa dinâmica de humanidade, dificilmente, segrega. Quem deseja dias melhores de verdade, amplia seus horizontes sobre a dinâmica desse viver. Compreende não existir "problema do outro", entende que sua individual atuação compõe uma sociedade, e que não é possível existirem decisões isoladas. O que acreditamos, a forma como agimos e reagimos, interfere em nós mesmos, e inevitavelmente na vida do outro. Pela ação, e pela não ação. Mas do que exatamente estamos falando? Diante do que vivemos dentro do nosso país, não há meios de fingir não ver. Ignorar os fatos porque não estou desabrigado, é um plano imperfeito. O problema não é do Rio Grande do Sul. O problema não é do Brasil. Os danos em suas distintas proporções, acontecem dentro de todas as mentes. Em todas as partes do mundo. Porque a saúde é uma face global, que envolve "terrenos" ambientais, que estão dentro e fora do seu ser. No artigo de hoje, sua pausa, é uma grande contribuição para que possamos nos reunir nessa compreensão, sobre esse grande quintal planetário que ocupamos.

A situação de calamidade que nos choca, mobiliza. Nações se compadecem, e se envolvem. Orações e doações de todos os gêneros e proporções. Uma comoção coletiva, uma humanidade que revigora. Eu jamais desacreditei nessa capacidade tão potente que temos como espécie. Da mesma maneira que acredito na regeneração. A realidade amarga que nos apresenta a incapacidade de atenuar os danos já causados, nos clama uma postura radical.

 
Não há mais meios de remediar. 

Buscamos incansavelmente pelos direitos humanos. E sobre os nossos deveres humanos?

Definir nosso momento me desafia. Observar o que parece tão visível, e que ao mesmo tempo, é amplamente atenuado, confirma o quanto estamos distraídos. Ignoramos de alguma forma - consciente ou inconscientemente. Impossível neste momento, não assumir ndividualmente nossa responsabilidade.

Eu vivo nessa terra há 41 anos e ao mesmo tempo que saboreio prejuízos, também me "beneficia" o que vigente está. Sou uma mulher urbana que clama pela Floresta. Mas faço parte do resultado da indústria, da política, das leis e da falta delas, e de todos os sistemas vigentes. 

Também sou parte de todos os seus excessos. Todos somos. 

Vivemos nessa era. Onde a natureza foi sobreposta pela promessa de felicidade completa, através do que incita todos os sentidos, furtando-nos de consciência. Tudo é excessivamente colorido, prazeroso, saboroso, aromatizado, estimulante, anestesiante.

 
O simples perdeu seu vigor. Juntamente com a nossa presença no mundo. Tantas oportunidades exuberantes nos distraíram. Nos deixaram absortos.

Somos mais de 8 bilhões de pessoas, e este ano batemos o recorde de gastos com a Indústria bélica (mais de U$ 2 trilhões), superior ao investido na assistência médica, U$ 15 bilhões. 

Derrubamos mais de 15 bilhões de árvores por ano. O medicamento mais consumido no mundo, é indicado para tratamento de hipertensão - doença causada principalmente pelo estilo de vida não saudável, como ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo e sobrepeso.

A média mundial de consumo de internet é de 6:58h por dia. A mesma quantidade média de horas de sono de um brasileiro segundo pesquisas. A depressão é projetada pela OMS como a principal doença mental no mundo em 2030. Em 2019, a pesquisa já apontava mais de 1 bilhão de pessoas afetadas por algum transtorno. 

No final do ano passado, mais de 15 mil cientistas em todo o mundo assinaram um relatório sobre o colapso ambiental instaurado.


O que fizemos conosco? O que fizemos uns com os outros? O que fizemos desse lugar?

Na galeria individual, verdades distintas. Ao olhar o próprio umbigo no salve-se quem puder, caímos no abismo das telas viciantes, adoecendo mentes, vedando olhos e corações do pleno discernimento e nesses conglomerado, preconceitos, julgamentos, injustiças e 33% das pessoas no mundo, se sentindo, sozinhas.

Agir imediatamente.

Restaure-se. Replante no próprio quintal. Sua mata cresceu, eu não consigo mais lhe ver no meio desse caos. Essa mata que te camufla, não é verde. É tudo que mata você e te distancia da vida viva. Comece. 

Reduza o celular. Vai caminhar na natureza. Resgate-se e desperte. Me ajude a reconstruir.

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